Herberth Ribeiro e um agente penitenciário são suspeitos de tortura contra detento. Perfil “linha dura” de gestor teria motivado ataques incendiários na cidade

Dois meses após assumir a cadeia pública de Jataí, o diretor Herberth Alves Ribeiro, de 43 anos, foi afastado de sua função pela Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap) após decisão judicial. Uma denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO) do início do mês acusa ele e um agente penitenciário de tortura contra um detento da unidade. O perfil “linha dura” do diretor teria motivado ataques incendiários que destruíram cerca de dez veículos em Jataí entre a noite de sábado e a manhã de segunda-feira.

De acordo com o texto da denúncia do MP-GO, o detento Adriano Assis Souza, preso por roubo, foi espancado e ameaçado ao ter “explicitado insatisfação” em ser transferido de cela. O diretor da prisão teria atirado para cima e apontado a arma para a cabeça de Adriano.

Em seguida, segundo a denúncia, o detento teve o pescoço pisado e foi vítima de uma “sessão de chutes e pontapés” enquanto estava imobilizado com as mãos para trás. O agente penitenciário Moabe de Oliveira Gomes, de 26 anos, teria participado da tortura.

A denúncia é baseada no depoimento de três detentos, duas funcionárias da unidade prisional e um relatório médico que atestam diversas lesões no corpo do detento. O processo tramite em segredo de Justiça.

O presidente da Associação dos Agentes e Servidores do Estado de Goiás (Aspego), Jorimar Bastos, classificou Herberth Alves como um bom diretor de perfil “linha dura”. Segundo Bastos, Herberth havia intensificado revistas nas celas, a fiscalização de objetos que entram na cadeia, “passou um pente fino” no cadastro das visitas permitidas e estava planejando a implantação de bloqueadores de celular. No entanto, o presidente reiterou que a associação não concorda com ilicitudes, que devem ser punidas com rigor sem deixar de garantir os direitos de ampla defesa e contraditório.

A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Herberth e de Moabe até o fechamento desta edição. A Seap confirmou o afastamento do diretor por determinação judicial, mas informou que não vai emitir nota oficial sobre o caso.

Investigação

O delegado regional de Jataí, Marcos Rogério Guerini, diz que não existe relação entre a denúncia contra Herberth e os ataques incendiários que aconteceram em Jataí. “Foi uma coincidência que o afastamento (do diretor) ocorreu nesse momento.”

Três adolescentes estão apreendidos suspeitos de realizar os ataques. Um deles afirmou em depoimento ter recebido ordem de dentro da prisão pelo aplicativo WhatsApp. Dois grupos disputam o comando do tráfico e do presídio de Jataí, mas Guerini afirma que os ataques não têm relação com a “guerra” entre essas gangues.

“A gente não está focando em questão de grupos de criminosos. Na verdade é um movimento de protesto”, afirma o delegado. Presos e familiares teriam ficado insatisfeitos com medidas administrativas dentro da unidade aplicadas pelo novo diretor. O estopim teria sido a transferência de 13 detentos do grupo conhecido como “Zé Bento” para Aparecida de Goiânia.

Do O Popular / Foto: Arquivo Site PaNoRaMa

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