Combinação de calcário e gesso ajuda a aumentar a presença de cálcio e reduzir a de alumínio, substância tóxica e que compromete o crescimento radicular da planta

Os solos brasileiros sofrem de fertilidade baixa, naturalmente. Somado a isto, existe ainda o fato de que a fronteira agrícola do país se expandiu e se desenvolveu, essencialmente, em direção ao Cerrado, onde estão solos menos férteis ainda, com elevada acidez e numa região onde as chuvas não ocorrem de maneira uniforme. Para reverter esta realidade, é preciso mudar o perfil do solo, com aplicação de substâncias e tratamento para promover o desenvolvimento radicular das plantas e garantir a estabilidade da produção.

O pesquisador e especialista em fertilidade, adubação e plantio direto, Eduardo Caires, apresentou na manhã de terça-feira (12/4) na TECNOSHOW COMIGO os resultados de um estudo que mostrou eficácia na redução da acidez e que pode ser a solução para esse problema. Uma vez que a acidez restringe a quantidade de cálcio, elemento essencial para o crescimento adequado da raiz da planta, e eleva a de alumínio, substância tóxica, Caires experimentou a aplicação combinada de calcário e gesso, ambos com componentes de cálcio em sua formação.

A falta de cálcio impõe severas restrições ao crescimento radicular e a presença de alumínio afeta diretamente o alongamento da raiz e sua consequente ramificação, o que dificulta a absorção de nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio. A combinação de calcário e gesso é interessante, segundo ele, porque a calagem (aplicação de calcário) atinge mais as camadas superficiais do solo, enquanto o gesso consegue chegar às camadas do subsolo agindo na ramificação radicular.

“Essa combinação me parece a mais adequada. O comprimento do sistema radicular é importante para a vida da planta e é fundamental também para que a distribuição do sistema radicular não se concentre na camada superficial do solo, o que limita a absorção de nutrientes”, afirmou o pesquisador. Diante da imprevisibilidade do clima, com veranicos em períodos incomuns, o ideal, para ele, é oferecer condições necessárias para que a planta tenha o seu desenvolvimento assegurado e a produtividade não fique comprometida.

Conclusões
As experiências de Caires foram realizadas em culturas de soja e milho, as duas principais no Brasil, hoje, e que correspondem a 190 milhões de toneladas das cerca de 210 milhões de toneladas de grãos produzidas anualmente no país. Além disso, ele prezou por agir em lavouras de plantio direto, técnica utilizada em 60% da área plantada no Brasil, que hoje é de 58 milhões de hectares.

Após a análise dos resultados, é possível indicar as melhores condições e formas para se aplicar uma substância e outra. No caso da calagem, ele sugere que a aplicação seja feita numa amostragem de solo de zero a 20 centímetros, que o cálculo da dose de calcário seja feito pelo método da elevação da saturação por bases para 70%, que a distribuição da dose calculada sobre a superfície seja feita em uma única aplicação ou de maneira parcelada, desde que num período de até três anos e que a reaplicação seja feita na superfície em solo com saturação por bases menor que 50% na camada de zero a 20 centímetros.

No caso do gesso, a indicação é que a camada seja de 20 a 40 centímetros ou 40 a 60 centímetros, mantendo sempre a estratégia de que a saturação de cálcio seja maior ou igual a 60% no subsolo. Este, segundo ele, é o jeito indicado de se garantir o sucesso da aplicação e verificar os resultados a médio ou longo prazo. Caires enfatizou, no entanto, que o gesso não faz milagres, podendo demorar um pouco a surtir efeito, caso o índice de acidez do solo seja muito elevado. Mesmo assim, ele pontuou: “O gesso é uma excelente alternativa para reduzir perdas na produção de soja causadas pela seca e a cultura do milho talvez seja uma das que mais respondem à aplicação”.

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